2005-08-23

O Típico Português... na praia



Um tema mais que adequado e que tem tudo a ver com a época de veraneio em que nos encontramos.
Ora bem, o típico português, com a chegada das típicas férias "grandes", desloca-se com grande entusiasmo e perseverança para a nossa fantástica costa portuguesa. Seja sul, centro ou norte, terrivelmente sufocante e caótico ou estupidamente frio e ventoso, o certo é que no inicio desta importantissima época balnear é dificil não notar as romarias em direcção à praia.
Claro está que uma ida à praia não é algo que o típico português tome de ânimo leve, não, pois bem, tem que haver uma série de medidas a tomar de modo a que umas breves horas de corpinho ao sol se tornem compensatórias dos ultimos seis meses de trabalho. Por isso antes de iniciar a sua viagem até ao pedacinho de areia e descanso merecidos, o típico português apetrecha-se adequadamente.
Os calções de banho O'nneal folclóricos, a T-shirt da corrida na ponte 25 de Abril do ano passado, a chinela da loja do chinês e o boné com as letras NY, sem faltar claro os óculos escuros Ray Ban contrafeitos. O farnel indispensável vem sempre numa geleira azul, com as típicas sandes de ovo mexido, os croquetes e rissois e para ajudar a empurrar uma bejeca fresquinha. Não podia faltar igualmente os indispensáveis acessórios para que o típico português se sinta tão confortável como em sua casa: a toalha de banho com as caravelas, sereias, âncoras e rodas de leme, muito típicas, não fosse este um país de marinheiros, a manta tipo alentejana, o chápeu de sol tricolorido e floreado, o tapa-vento "não vá o diabo tece-las", as cadeirinhas desdobráveis e a mesa de plástico que tanta falta faz.
Mas não só com conforto se passa um dia na praia. O típico português gosta ter sempre algo para os seus momentos de entretenimento, as raquetes de ténis, o rádio leitor de k7 com o nosso pimba português, as bolas, boias e colchões insufláveis, a piscina e os baldinhos de plásticos para os mais pequenos, o fresbee para o cão, o caderninho de palavras cruzadas e a revista para a Maria

Após ter encafunhado toda a parafernália e a família no seu veículo, senta-se ao volante, mostrando o seu sorriso amarelado mas confiante, e enfrenta com uma tranquila agonia duas a três horas de trânsito compacto, sobre um sol abrasador, mas com orgulho de dever cumprido.

Ilustração por Rui Pedro Batista