O Típico Português gosta de comer, ponto.
Conhece todos os recantos de tasca, roulote , bar, snack-bar, cantina, refeitório, pastelaria, cafetaria e restaurante, desde que sirvam bitoque , uma bejeca fresca e um bom café.
Antes de se sentar gosta de observar o ambiente e escolhe sempre um lugar sentado pra porta da frente não vá aparecer um amigalhaço que se possa oferecer para pagar o almoço. Depois de arrastar o seu casaco pelo prato das ultimas três mesas, lá se senta ruidosamente distribuindo cotoveladas e com-licenças aos parceiros ocasionais de mesa.
Estuda com afinco a ementa, enquanto mira com interesse o que o vizinho do lado está a tirar da travessa e regista mentalmente os preços da meia-dose. Pergunta sempre se o peixe é fresco, só para obter confirmação (como se fossem dizer-lhe o contrário) e pra acompanhar um vinhito da casa. Apesar de tão variada ementa nunca consegue resistir a um bom bitoque com ovo a cavalo, a um cozido à portuguesa ( mesmo no pino do Verão) ou a um bacalhau assado com batatas a murro. Das suas preferências ainda constam a espetada mista, uns carapaus com molho à espanhola, arroz de marisco ou uns secretos de porco preto, quando a carteira está mais recheada.
Serve-se da travessa para o prato tipo escorrega e deixa nem que seja meia batata e uma folha de alface pois não quer dar ares de esfomeado. Degusta sempre a sua escolha de olhos fixos no prato, levantando ocasionalmente só pra ver quem entra ou sai, sorve do copo a sua pinga, e limpa num só gesto horizontal os beiços no guardanapo de papel. Tudo meticulosamente coordenado porque a hora do almoço passa rápido, as sobremesas estão a acabar e ainda tem de passar no quiosque do Joaquim para comprar o diário desportivo e pôr o euromilhões.
Nas sobremesas não há que enganar: leite creme, arroz doce e salada de fruta, tudo o resto são mariquices. A refeição não fica completa sem um digestivo e um palito prós dentes.
Enquanto mexe e remexe o adoçante no café, um olhar perdido nas letras gordas do jornal do comezainas da frente, pede a conta ( a dolorosa) com pssst pssst e dedo estendido no ar que já se faz tarde. Confere todas as parcelas, paga e com ar de enfado deixa uma gorjeta ou os trocos que não chega nem pra um café...
Conhece todos os recantos de tasca, roulote , bar, snack-bar, cantina, refeitório, pastelaria, cafetaria e restaurante, desde que sirvam bitoque , uma bejeca fresca e um bom café.
Antes de se sentar gosta de observar o ambiente e escolhe sempre um lugar sentado pra porta da frente não vá aparecer um amigalhaço que se possa oferecer para pagar o almoço. Depois de arrastar o seu casaco pelo prato das ultimas três mesas, lá se senta ruidosamente distribuindo cotoveladas e com-licenças aos parceiros ocasionais de mesa.
Estuda com afinco a ementa, enquanto mira com interesse o que o vizinho do lado está a tirar da travessa e regista mentalmente os preços da meia-dose. Pergunta sempre se o peixe é fresco, só para obter confirmação (como se fossem dizer-lhe o contrário) e pra acompanhar um vinhito da casa. Apesar de tão variada ementa nunca consegue resistir a um bom bitoque com ovo a cavalo, a um cozido à portuguesa ( mesmo no pino do Verão) ou a um bacalhau assado com batatas a murro. Das suas preferências ainda constam a espetada mista, uns carapaus com molho à espanhola, arroz de marisco ou uns secretos de porco preto, quando a carteira está mais recheada.
Serve-se da travessa para o prato tipo escorrega e deixa nem que seja meia batata e uma folha de alface pois não quer dar ares de esfomeado. Degusta sempre a sua escolha de olhos fixos no prato, levantando ocasionalmente só pra ver quem entra ou sai, sorve do copo a sua pinga, e limpa num só gesto horizontal os beiços no guardanapo de papel. Tudo meticulosamente coordenado porque a hora do almoço passa rápido, as sobremesas estão a acabar e ainda tem de passar no quiosque do Joaquim para comprar o diário desportivo e pôr o euromilhões.
Nas sobremesas não há que enganar: leite creme, arroz doce e salada de fruta, tudo o resto são mariquices. A refeição não fica completa sem um digestivo e um palito prós dentes.
Enquanto mexe e remexe o adoçante no café, um olhar perdido nas letras gordas do jornal do comezainas da frente, pede a conta ( a dolorosa) com pssst pssst e dedo estendido no ar que já se faz tarde. Confere todas as parcelas, paga e com ar de enfado deixa uma gorjeta ou os trocos que não chega nem pra um café...